terça-feira, 31 de julho de 2007

Michelangelo Antonioni


E não é que o Bergman, a caminho de Fellini, resolveu chamar Antonioni?

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Ingmar Bergman (1918-2007)


Não há o premeditar quando se nasce: sempre se nasce quando menos se espera. Nasce-se muitas vezes na vida. Bergman fez um dos meus partos. Hoje Bergman morreu. Hoje nasci um pouco pelo avesso.

Sobre Vidas e Robôs

Uma cidade cinza. Ruínas, poeira. Naves supersônicas riscam o céu. Uma bruma solta no ar. Personagens estranhos (e cinzas) com seus olhos baixos, circunspectos. Eles protegem os seus medos. Olhos mecânicos vigiam as ruínas, a poeira, o cinza, as brumas e os personagens estranhos. No centro da cena, um policial robô agarra pela perna e arrasta pelo chão um homem ensangüentado, ao mesmo tempo em que aponta para ele uma arma letal. Em volta, o cotidiano. A cena poderia fazer parte de um filme de Fritz Lang ou um texto de Arthur Clarke ou Isaac Asimov. Poderia ser Los Angeles em 2.050. Não era. O ano é 2.002 em algum lugar de Israel. A cena passou despercebida nos noticiários porque tudo se passa despercebido. Vivemos a era do efêmero. Uma notícia engole a outra, numa antropofagia quase que sistêmica. Nada tem valor. Nada importa. O mundo se banalizou. Repito: um robô arrastou um ser humano pelas ruas de uma cidade de Israel. Esse robô não se individualiza como as pessoas cinzas que protegem os seus medos. Esse robô não interpreta as ruínas e as poeiras. Ele as atravessa. Para esse robô, os seres humanos não são seres estranhos, porque em realidade, eles sequer “são”. Esse robô pode prender e matar um ser humano. Um ser humano que cria cinzas, poeiras, ruínas e robôs.