terça-feira, 18 de agosto de 2020

domingo, 3 de maio de 2020

segunda-feira, 13 de abril de 2020

sobre a subestimação e os moinhos de vento..

Dom Quixote de La Mancha - Leituras Orientadas I - MediumDesde que Bolsonaro iniciou a sua campanha nós o subestimamos. E agora continuamos subestimando esse fenômeno sociológico que se configura no expressivo número de brasileiros que talvez pela primeira vez em suas vidas se sentem representados no poder. As pesquisas têm apontando um apoio que varia entre 25 e 30%, mais do que o suficiente para alçá-lo a um suposto segundo turno. E o apoio se mostra mais fanatizado à medida que Bolsonaro extrapola os mínimos preceitos de razoabilidade.
Só no futuro seremos capazes de entender esse fenômeno. Mas me adianto em dar um pitaco.
Bolsonaro sempre fez parte, e por quase trinta anos, do baixo clero da política brasileira. Só era conhecido pelas barbaridades que falava. Não passaria dali. O seu lugar na história parecia estar destinado a ser não mais do que um folclórico personagem, ainda que abjeto, da política brasileira.
Entretanto, uma série de circunstâncias – entre elas, a fabricação de um ódio para interesses particularmente políticos – o levou ao cargo máximo da nação. Mas havia – percebemos agora – uma parcela significativa da população que fazia parte, se podemos assim dizer, de um certo baixo clero da sociedade que não se sentia representada; que não tinha voz e que acharam no companheiro clerical eleito, o seu porta-voz. São constituídos, como Bolsonaro, de um grau acentuado de despolitização e um potencial de violência concentrada para exercerem a sua, agora, participação, na defesa dos seus interesses mais privados, ainda que difusos. Esse grupo sempre esteve desvinculado do processo de construção de cidadania que a trancos e barrancos vinha sendo tentando nos últimos anos.


Por outro lado, talvez por perplexidade, uma apatia se instala naquilo que podemos chamar “malemá” de campo da esquerda.
Ciro Gomes, que já circulou por muitas estradas, está convicto, como um Dom Quixote sem o Sancho Pança para escorá-lo, que é um paladino das causa perdidas e sai por aí atacando todos os moinhos de vento. Flávio Dino, figura séria, comprometida e que está realizando uma excelente administração no Maranhão, tenta costurar uma colcha toda retalhada para enfrentar o fascismo tupiniquim, sem (talvez) perceber que será colocado pra fora da bacia para uma construção mais “limpa” de um embate eleitoral em 22, com dois candidatos da direita, um das extremas e o outro que se auto intitulará eufemisticamente de “centro” ou “centro democrático”, que seguirá a mesma linha ultraliberal do Guedes, da Globo, do Estadão, da Folha e do Itaú, na construção de um brasil ainda mais acentuado pelas pobrezas e pelas riquezas, cada vez mais distantes.
Concluo dizendo que o país nunca precisou tanto do alvejado, do machucado, do combalido, do ferido PT e do seu líder Lula, que fala para os principais veículos de comunicação do mundo e aqui para os quase clandestinos canais da mídia alternativa, mas que é estrategicamente silenciado pela grande e oligopolizada mídia brasileira.

Temos um tempo longo para uma possível mudança de rumo, mas temos uma tarefa urgente, que é tirar o país do buraco fascista em que se encontra, e não serão os Marinhos e os Frias e tampouco um Dom Quixote com sua lança de papel que o fará.