terça-feira, 22 de outubro de 2019

pitacos da mostra - 2019


Conforme dissemos na última postagem, tentaremos retomar o nosso tradicional "pitacos da mostra" nessa que é uma postagem dinâmica que será atualizada à medida que novos filmes forem assistidos. O "pitacos" é uma seção tradicional deste empório com comentários ( e não necessariamente sinopses) brevíssimos dos filmes que vamos assistindo.
Neste ano colocaremos também as sinopses oficias da página da Mostra.

(Terminado! Fecho, lá embaixo, com o filme premiado na Mostra, Syster Crasher e a partir dele comento: "
Acho que esse prêmio é indicativo de que esta Mostra esteve longe de ser das melhores. Seria o resultado do momento de tantas incertezas que vivemos no mundo?)

(Ver também 
cinema com pitacos de outros anos e outros textos)

Wasp Network, de Olivier Assayas (França/Brasil/Espanha/Bélgica, 2019) - Filme multinacional realizado a partir do livro "Os Últimos Soldados da Guerra Fria" de Fernando Morais, com presenças de Penélope Cruz, Gael Garcia Bernal e Wagner Moura. Apesar de uma certa quebra de ritmo, temos uma história bem contada. Até Fidel em carne e osso aparece por lá.

http://43.mostra.org/br/filme/10038-WASP-NETWORK )

Devorar, de Carlo Mirabella-Davis (EUA/França, 2019) - Hunter, mulher com um trauma familiar se  depara, após seu casamento, com uma estranha compulsão de engolir objetos. Grande interpretação da atriz Haley Bennett neste drama psicológico não resolvido.

http://43.mostra.org/br/filme/10011-PARTIDA )

Meu nome é Sara, de Steven Orittt (EUA, 2019) - Um equívoco. Imaginem um filme sobre Canudos no sertão nordestino, com atores falando em inglês. Oriitt fez isso para um filme passado na Ucrânia na Segunda Guerra e ainda com um padrão roliudiano. Não deveria estar na Mostra.
http://43.mostra.org/br/filme/9810-MEU-NOME-E-SARA )

Partida, de Caco Ciocler (Brasil, 2019) - Uma viagem quixotesca em busca de uma utopia. O filme só acontece no final quando há o encontro mágico com Mujica.

O Pássaro Pintado, de Václav Marhoul (República Theca, Ucránia Eslováquia, 2019) - A estética da crueldade humana jogada, jorrada, inundada na tela, amenizada pela linda fotografia preto&branco. O grande desafio é permanecer na sala durante as quase três horas de projeção. Não que o filme seja ruim, é que são muitos socos no estômago pelo caminho.
http://43.mostra.org/br/filme/9838-O-PASSARO-PINTADO )

Cavalos Roubados, de Hans Petter Moland ( Noruega/Suécia/Dinamarca, 2019) - Filme memorialístico. Roteiro trabalha muito bem as idas e vindas do tempo. Muito difícil um filme da Escandinávia que não seja bom. Esse é mais um exemplo.
http://43.mostra.org/br/filme/9949-CAVALOS-ROUBADOS )


Gutterbee, de Ulrich Thomsen ( EUA/Dinamarca, 2019) - Um erro eu ter entrado na sala. Acontece, por vezes, na Mostra. Vi que o diretor é dinamarquês e fui levado ao erro. Ele pode ser dinamarquês mas é um autêntico american way of life. Com pouquíssimas pessoas na grande sala do Cine Arte, o diretor estava presente para um debate. Não sei se teria pessoas suficientes para isso. Não conte comigo!

O Dia depois que eu parti, de Nimrod Eldar ( Israeal, 2019) - Trilogia da incomunicabilidade num mesmo filme. A primeira entre o pai e a filha adolescente. A segunda entre judeus e palestinos. A terceira entre o filme e o espectador.
http://43.mostra.org/br/filme/9811-O-DIA-DEPOIS-QUE-EU-PARTIR ) 


Bille, de Inara Kolmane ( Letônia, Repúplica Theca, Lituânia) - O mundo sobre o olhar da talentosa criança Bille, que escolheu se chamar Vizma. Não há a informação na sinopse oficial de que o filme retrata a infância da escritora Vizma Belsevica, prêmio Nobel de Literatura nascida na Letônia. Bom filme para a sessão da tarde.( http://43.mostra.org/br/filme/9773-BILLE )

O Turista Suicida, de Jonas Alexander Arnby (Alemanha, Noruega, Dinamarca, 2019) - Diante da imposição da morte, o duelo entre o real e o imaginário. Grande filme a lá David Lynch.
( Vi o filme de maneira diferente desta crítica: ( 
https://cinemascope.com.br/criticas/o-turista-suicida/ )

http://43.mostra.org/br/filme/9822-O-TURISTA-SUICIDA )

O Carcereiro, de Nima Javidi ( Irã, 2019 ) - Esqueçam Kiarostami, Makhmalbaf, Panahi. Javidi é a nova geração do cinema iraniano e trás com ele uma proposta rítmica diferente. Um novo jeito de contar uma história que ele fez bem com seu carcereiro, nos prendendo o tempo todo.
http://43.mostra.org/br/filme/10026-O-CARCEREIRO )

O Jovem Ahmed, dos irmãos Dardenne, Jean Pierre e Luc ( Bélgica, França, 2019) - Os Dardennes levaram mais um prêmio, desta vez o de melhor direção em Cannes pelo filme. Como sempre, a câmera agitada, acompanhando de perto os passos de Ahmed, um menino vítima do fanatismo que pode levar aos extremos. Bom filme.
http://43.mostra.org/br/filme/9895-O-JOVEM-AHMED )

Ecos, de Rúnar Rúnarsson (Islândia, França, 2019) - Não há um fio condutor. Não há uma história. São pedaços da vida na Islândia. Poderia ser caótico mas não é. A montagem é o filme, razão pela qual informo também o montador: Jacob Secher Schulsinger
http://43.mostra.org/br/filme/9782-ECOS )

Pewpewpew, de Sergey Vasiliev (Suécia, 2019) - Um retrato de uma nova geração que busca na fama um lugar no mundo. Uma espécie de vidas sem rumos em uma distopia. O filme fica entre o estranhamento e o incômodo.
http://43.mostra.org/br/filme/9901-PEWPEWPEW )

O Ritual, de Brendan Walter (Islândia/EUA, 2019) - A Islândia novamente em cena, mas agora uma Islândia mística, bonita e inóspita que recebe Benny, um desenhista estadunidense que perde sua companheira alcoólatra e, em um ritual macabro, acaba a reencontrando. Linhas que não se comunicam.
http://43.mostra.org/br/filme/9952-O-RITUAL )

Viver para cantar, de Johnny Ma (China, 2019) - Trupe de ópera familiar que carrega as histórias e a tradição milenar chinesa, tenta resistir ao envelhecimento, à falta de renovação do seu público e as mudanças da China. Bonito plasticamente mas superficial e um tanto cansativo. Deve entra em cartaz.
http://43.mostra.org/br/filme/9916-VIVER-PARA-CANTAR )

Heróis Nunca Morrem, de Aude Léa Rapin (Bósnia, França, Bélgica, 2019) - Um filme dentro do filme mas não como uma metalinguagem. Somos espectadores de um projeto de filme que vai se desenvolvendo a partir de um absurdo. Neste percurso o filme em construção vai nos levando até um final redentor. Um final que transforma um filme ruim em muito bom.
http://43.mostra.org/br/filme/9788-HEROIS-NUNCA-MORREM )

Synonyms, Nadav Lapid (França, Israel, Alemanha, 2019) - Parece haver um propósito no filme que é estabelecer a desconexão e ruptura do personagem Yoav  já a partir de uma câmera tremida, agitada, nervosa. Não há o fio que estabeleça a condução e os personagens surgem mais no desvínculo que no vínculo. Yoav aparece pelado num apartamento em Paris depois do abandono de uma Israel que ele quer matar e termina no desencontro de uma liberdade que imaginava encontrar. Premiado com o Urso de Ouro e do Prêmio da Crítica de Berlim me pareceu um exagero, ou, pela falta, temos então uma crise de cinematografia.
http://43.mostra.org/br/filme/9825-SYNONYMS )

O Pai, de Kristina Grozeva e Petar Valchanov (Bulgária/Grécia, 2019) - Alguns exageros pelo caminho não comprometem o resultado final. Vale à pena!

http://43.mostra.org/br/filme/9830-O-PAI )

Pertencer, de Burak Çevik (Turquia, Canadá, França, 2019) - Depois de um longuíssimo off, começa o filme. E um ótimo filme. O mais inovador que assisti nesta Mostra até agora. Há uma cena em que a conversa se desenrola com a câmera fixa, focando apenas a mesa com alimentos e as mãos que os manipulam e fica a sensação que é assim mesmo que deveria ser feito, ainda que dessa forma inusitada. Muito bom!

Famyly Romance, de Werner Herzog (EUA, 2019) - Há que se respeitar Herzog, mas este Famyly Romance não atinge a ilusão comercializada do enredo do filme. Uma pena, porque haveria muito pano para manga com o tema proposto, neste mundo cada vez mais envolto pela solidão, pelas aparências e pelas falsificações.
http://43.mostra.org/br/filme/9874-FAMILY-ROMANCE,-LTDA )

A Garota com a Pulseira, de Stéphane Demoustier (França, 2019) - Filme de tribunal. Um bom filme de tribunal.
http://43.mostra.org/br/filme/9832-A-GAROTA-COM-A-PULSEIRA )

Apagada, Miha Mazzini (Eslovênia, Croácia, Sérvia, 2018) - A história parece inverosímel, mas é real e aconteceu como sequelas da guerra de divisão da Iugoslávia no início dos anos 90. Mais um retrato da capacidade ilimitada da estupidez humana. Bom filme.
http://43.mostra.org/br/filme/9936-APAGADA )

Crônica de um Desaparecimento, de Elia Suleiman (Palestina, 1996) -  Filme experimental. Sinceramente, não entendi a proposta e acabei não gostando, mas fiquei curioso para conhecer mais o seu trabalho. Coloco esta crítica da Folha https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/10/autor-personagem-elia-suleiman-mescla-humor-e-politica-em-seu-melhor-filme.shtml

http://43.mostra.org/br/filme/9745-CRONICA-DE-UM-DESAPARECIMENTO )

Sibyl, de Justine Triet (França, Bélgica, 2019) - Uma típica narrativa francesa que envolve a  psicanálise, o indivíduo como criador subjetivo da sua vida e toda a complexidade além do divã. Mas não acerta a mão e o resultado acaba não sendo mais do que um passatempo francês.
http://43.mostra.org/br/filme/9903-SIBYL )

De quem é o sutiã? , de Veit Helmer (Alemanha, 2018) - Não tenho informação, mas Helmer deve ter no mínimo pensado em "O Homem da Linha" do holandês Jos Stelling, filme que venceu o prêmio do público na longínqua 10° Mostra. São filmes diferentes mas o chute inicial parece ser o mesmo. Este "De quem é o sutiã", como em boa parte de "O homem da Linha", não tem diálogo e o enredo se dá entre o absurdo, ou inusitado, e a comédia farsesca. Começa muito promissor mas vai se perdendo pelo caminho.
http://43.mostra.org/br/filme/9954-DE-QUEM-E-O-SUTIA )

Simpathy For The Devil, de Guillaume Fontenay (França, 2019) - Outro filme que retrata a guerra na extinta Iugoslávia. A catástrofe humana se revelou de maneira muito contundente nessa guerra, sobretudo no cerco à Sarajevo a partir da ótica do jornalista Paul Marchand, no filme interpretado por Niels Schneider. Muito bom filme!

Monos, de Alejandro Landes (Alemanha, Argentina, Colômbia,Holanda,Suécia, Uruguai, 2018) - Em 102 minutos o pobre espectador não tem a mínima ideia do que é que está acontecendo. No popular, eu diria que o filme não tem nem pé e nem cabeça. Não tem origem e não tem destino. Achei esta crítica que dá mais conta disso que eu resumi: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-255064/criticas-adorocinema/
http://43.mostra.org/br/filme/10040-MONOS )

Viajante da meia-noite, de Hassan Fazili e também destaque para Emelie Mahdavian pelo roteiro e montagem e da também cineasta Fátima Hussaine (Catar, EUA, Reino Unido, Canadá, 2019) - Documentário simplesmente extraordinário. Aula de cinema. Trata-se de um filme necessário. Filmado por celular, essa saga da família de Hassan e Fátima, nos coloca dentro de um problema central hoje no mundo, que são os refugiados e suas migrações pelo mundo. Deveria entrar em cartaz, mas, infelizmente, acho que não entrará.
http://43.mostra.org/br/filme/9806-VIAJANTE-DA-MEIA-NOITE )

O Paraíso deve ser aqui, de Elia Suleiman (França, Catar, Alemanha, Canadá, Palestina, Turquia, 2019) - O palestino Elia Suleiman dirige e (se) interpreta neste filme de humor sarcástico e críticas sutis. Muito boa pedida.
http://43.mostra.org/br/filme/9789-O-PARAISO-DEVE-SER-AQUI )

Berlim-Jerusalém, de Amos Gitai (França, Israel, Itália, Holanda, Reino Unido, 1989) - O israelense Gitai é um clássico da cinematografia com cerca de 60 filmes, além várias publicações, exposições e uma peça de teatro. Critico da relação que seu país estabelece com a Palestina, viveu muito tempo em um autoexílio. Essa crítica se apresenta em muitas das suas obras. "Berlim-Jerusalém" é um dos seus filmes mais marcantes. Ganhou nesta Mostra o prêmio Leon Cakoff.
http://43.mostra.org/br/filme/1719-BERLIM-JERUSALEM )

A Grande Muralha Verde, de Jared P. Scott (Reino Unido, África - é assim que está no site da Mostra - , 2019) - Uma jornada de Inna Modja, cantora e ativista política de Mali pela região do Sahel, atravessando Senegal, Mali, Nigéria, Niger e Etiópia, 8 mil km, de oeste à leste da África, no ambicioso projeto de uma grande reflorestamento que tem como objetivo o resgate da natureza e consequente abertura de possibilidades para os povos locais. Ainda que ambicioso, um projeto plenamente factível à medida que consiga os recursos necessários. Precioso documentário de uma preciosa Inna Modja.
http://43.mostra.org/br/filme/9835-A-GRANDE-MURALHA-VERDE )

Fotógrafo de Guerra, de Boris Benjamim Bertran (Dinamarca, Finlândia, 2019) - Muito bom documentário sobre o fotógrafo Jan Grarup, que retrata o dilema da profissão com a vida familiar. Lembra um pouco a ficção vivida por Juliette Binoche em Mil Vezes Boa Noite.
http://43.mostra.org/br/filme/9875-FOTOGRAFO-DA-GUERRA )

Fim de Estação, de Elmar Imanov (Azerbaijão, Alemanha, Geórgia, 2019) - Drama vivido em família em que o tosco e o inusitado se apresentam. Não recomendaria.
http://43.mostra.org/br/filme/9783-FIM-DE-ESTACAO )

System Crasher, de Nora Fingscheid (Alemanha, 2019) - Muito difícil falar qualquer coisa desse filme. Há sempre a tensão no ar sobre a próxima ação que fará Benni, a menina de 9 anos incontrolável, interpretada de maneira rara por Helena Zengel. Levou o prêmio do juri da Mostra junto com Dente de Leite que não assisti. Acho que esse prêmio é indicativo de que esta Mostra esteve longe de ser das melhores. Seria o resultado do momento de tantas incertezas que vivemos no mundo?
http://43.mostra.org/br/filme/9826-SYSTEM-CRASHER )

Para fechar os Pitacos do ano, o lamento de não ter visto o documentário da Macedônia Honeyland e abaixo os ganhadores da Mostra:
http://43.mostra.org/br/conteudo/noticias-e-eventos/983

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