quinta-feira, 15 de novembro de 2007

sertão



do sertão
(relato de viagem pelo grande sertão: veredas)


eu andava pra num chegar
e fui e fui e fui

o sertão é assim:
seca e arrepia
mata e dá voltas
cria e engole o tempo


e foi tudo menos o chão
e foi tudo mais o chão


e o diabo a refestejar
e os rios estirados feito pau torto
e os buritis a pastar
as Gerais a chamar


o medo correndo feito boi brabo
cão danado


eu, ouvindo, cri em riobaldo, mascando palavras
fumei o ar das andanças
lambi os seios das brisas atrás das veredas
matei os hermógenes sob as pedras juramentadas dos caminhos
eu andava pra num chegar ( mas há que se chegar )

e vi diadorim que se foi
feito estrela diadorim


ficou o mundo seco como uma lágrima, que caída,
se espalha entre o céu
e as palavras
retintas do livro



gê césar de paula







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