sexta-feira, 27 de maio de 2011

mais uma morte e, de novo, anunciada



Eu queria falar de cinema, literatura, teatro etc, mas novamente desvio o assunto, nesta semana da aprovação do Código Florestal, para replicar a matéria do Acrítica Amazônia.



Líder de assentamento do Amazonas é assassinado por pistoleiros
Agricultor foi assassinado enquanto vendia verduras em município do Estado de Rondônia
Manaus , 27 de Maio de 2011
Elaíze Farias
O agricultor e líder de assentamento Adelino Ramos já havia feito várias denúncias sobre as ameaças de morte que vinha sofrendo
Adelino Ramos, 57, líder do Projeto de Assentamento Florestal (PAF) Curuquetê, localizado no município de Lábrea (a 701,62 quilômetros de Manaus), foi assassinado na manhã desta sexta-feira (27). Foram desferidos seis tiros contra o agricultor.
Conhecido como Dinho, o agricultor foi assassinado por volta de 10h em frente à casa de um cliente das verduras que ele vendia no município de Vista Alegre de Abunã, em Rondônia, na divisa com o Estado do Amazonas.
Ele também era líder do Movimento Camponês Corumbiara (MCC), que surgiu após o massacre de Corumbiara (RO), em 1996.
O advogado do assentamento e de Adelino Ramos, que pediu para não ter seu nome relevado, disse que o agricultor já havia denunciado as várias ameaças que vinha sofrendo para a Ouvidoria Agrária do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e para a Polícia Federal.
“As ameaças eram de fazendeiros e de toreros (pessoas que roubam toras de madeiras). Desde que o Incra doou a terra aos agricultores, os fazendeiros se viram lesados”, disse o advogado, que mora em Porto Velho (RO), onde Adelino será enterrado.
No PAF Curuquetê vivem aproximadamente 20 famílias. “As famílias estão com medo, algumas pessoas querem ir embora, se sentem desprotegidas”, disse ele.
Para o advogado, a demora do Incra em publicar a portaria regularizando o assentamento também contribui para aumentar a insegurança na área.
Denúncia
Adelino vinha recebendo várias ameaças de morte desde que a o PAF foi criado pelo Incra, há três anos.
No dia 22 de julho de 2010, Adelino Ramos esteve em Manaus onde participou de uma audiência com a Ouvidoria Agrária Nacional do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), intermediada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Segundo Auriédia Costa, coordenadora da CPT no Amazonas no Amazonas, representantes da ouvidoria se comprometeram de enviar um grupo até o assentamento, mas isto nunca aconteceu.
“Ele denunciou vários fazendeiros, deu nome e sobrenome. Mas ninguém fez nada. Os fazendeiros estavam revoltados porque, para eles, os assentados estavam fazendo denúncias para o Ibama sobre desmatamento”, disse Auriédia.
Para a coordenadora da CPT, o assassinato de Avelino é resultado da omissão do Estado e das autoridades policiais.
“Onde não há lei para regularizar, alguém faz esta lei. E quem está no comando é quem tem o capital”, comentou Auriédia.
Em 2008, outra liderança da então gleba Curuquetê, Francisco da Silva, também foi assassinada.
Fuga
Conforme Auriédia, vários líderes do movimento da reforma agrária e de assentamentos sofrem ameaças de madeireiros no sul do Amazonas, mas pouco se comenta sobre estes casos.
“O que parece é que não há ameaça, nem violência. Mas ao contrário do que se pensa, muitos trabalhadores estão impedidos de voltar hoje para Lábrea. Muitos fugiram”, disse.
Uma dessas lideranças é Nilcilene Miguel de Lima, 44, que fugiu da gleba Iquiri, próximo ao assentamento Gedeão, também no município de Lábrea.
“Fui espancada, queimaram minha casa, não posso voltar. Os fazendeiros nos ameaçam porque dizem que estamos denunciando desmatamento. Estou jurada de morte”, disse Nilcilene, que era amiga de Adelino Ramos. "Mataram meu amigo", disse, indignada.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

"uma informação sobre a banalidade do amor", ou seria "sobre a banalidade do teatro"?

Neste empório, tenho a vantagem de ter a prerrogativa de escolher os filmes, as peças teatrais e os livros sobre os quais rascunho críticas. Quase que invariavelmente escolho apenas aquilo que me causa impressões positivas. Abro uma exceção para “Uma Informação Sobre a Banalidade do Amor”, peça dirigida e encenada por Antonio Abujamra, em companhia de Tatiana de Marca que encerrou a sua temporada ontem em São Paulo, no teatro Eva Herz, na Livraria Cultura.
A peça é de uma integralidade poucas vezes vistas nos palcos brasileiros. Ela é integralmente ruim. São 60 minutos de um equívoco contumaz. A começar pelo texto, ou a tradução, do próprio Abujamra. O texto original é do dramaturgo argentino Mario Diament.
O roteiro pretende discorrer sobre a paixão entre Martin Heidegger e Hannah Arendt. Para aqueles que têm a expectativa de um diálogo com um mínimo de profundidade - já que a proposta é trazer à cena duas das principais figuras da filosofia do século 20 -, se deparam com clichês que talvez não fizessem feio em qualquer folhetim rasgado de uma novela mexicana. Heidegger, um expoente da filosofia da primeira metade do século vinte, flertou com o ideal nazista de Hitler. Arendt, judia, foi perseguida e exilada, primeiro na França (onde foi presa num campo de concentração) e depois nos EUA. O conflito existencial da relação traz enormes possibilidades de abordagem, mas o resultado final apresentou uma relação constrangedoramente adolescente. Constrangedora também são as interpretações. Abujamra está fora de forma e não cabe no papel. Ele, quase sempre estático (e pelo menos nessa noite, com erros freqüentes de texto) não se movimenta com a energia que a fala de Arendt faz supor, de um amante impetuoso. De Marca, por outro lado, comporta-se como uma menina leitora assídua da revista Contigo.
Mas parece que não basta. A peça traz mais surpresas. Ela pretende-se didática, e, em meio aos cinco encontros relatados, surgem imagens projetadas de atores (seriam atores?) que apresentam depoimentos que tentam transformar todo o imbróglio em uma mistura de teatro-cine-documentário. O resultado culmina em mais um constrangimento.
Tamanho mal entendido não poderia terminar de outra forma. Abujamra e De Marca, sentados em um banco de praça, desconfortáveis, preparam-se para o gran finale: se olham e começam, em um slow motion quase interminável, o caminho que selará a peça com um beijo. Nenhum final seria mais adequado.

domingo, 8 de maio de 2011

os "degas" do masp

O Masp conta com uma coleção completa de 73 esculturas e mais 3 pinturas de Edgar Degas. Interessante lembrar que apenas três museus no mundo contam com a coleção completa de esculturas de Degas: o D' Orsay, de Paris, o Metropolitan, de Nova Iorque e o Masp, em São Paulo.
Alguns exemplos: