Nesta semana teve início o ciclo de conferências “Mutações: a experiência do pensamento”, que reunirá 21 intelectuais em torno de um tema: “o que é pensar hoje?”.
Neste ano, além de Rio e São Paulo, o ciclo será levado também para Belo Horizonte e, em versão reduzida, para Brasília. “A experiência do pensamento” é o quarto ciclo dentro da série “Mutações”.
Em 2008 as conferências refletiam sobre as formas como a tecnociência transforma o corpo e a condição humana. Este ano os debates tratam do lugar do pensamento e dos próprios intelectuais num mundo em constante mutação. Novaes nos diz:— O momento que o Ocidente vive hoje não é uma crise, é uma mutação, provocada pela revolução científica e tecnológica. E essa revolução é diferente das anteriores, porque afeta o próprio homem. As conferências vão refletir sobre os impasses colocados nesse momento. E completa: A ciência e a técnica estão de um lado e o pensamento, de outro. A ciência não pensa, calcula; a filosofia pensa. No mundo contemporâneo, a técnica avança, mas o pensamento vai a reboque. Quando tudo pode ser calculado, o pensamento se torna superficial e há uma predominância do fato sobre o pensamento. O intelectual engajado desapareceu. A esfera pública mudou; a universidade, a imprensa e o poder mudaram. O intelectual não tem mais a palavra, não tem interlocutores. Assim, ele tende a desaparecer e ser substituído pelo técnico, que pode falar especificamente sobre um tema. Mas perde-se aquele que pode fazer a síntese.
Na conferência de abertura, quarta-feira em São Paulo, no auditório do SESC Av. Paulista, o professor de literatura e músico José Miguel Wisnik discorreu sobre o “pensar em pessoa”, trazendo o universo de Fernando Pessoa e seus heterônimos pensantes. “Sentir é compreender. Pensar é errar (“errar”, explica Wisnik, no sentido de errância, de fluxo). Compreender o que outra pessoa pensa é discordar dela. Compreender o que outra pessoa sente é ser ela.”¹
Nada poderia ser melhor para iniciar o ciclo. Um público absolutamente fisgado pelo Zé Miguel navegando no mar português de Fernando Pessoa.
Nada poderia ser melhor para iniciar o ciclo. Um público absolutamente fisgado pelo Zé Miguel navegando no mar português de Fernando Pessoa.
¹De “Reflexões paradoxais, Obra em prosa, Nova Aguilar, 1982, p.37.
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