quarta-feira, 1 de setembro de 2010

há 100 anos lá no bom retiro...

“O Corinthians é o time do povo e é o povo quem vai fazer o time.”


Miguel Bataglia, primeiro presidente do Corinthians.




(Hoje é 1° de setembro. Há exatos 100 anos surgia um clube de futebol que seria a representação do povo, como profeticamente previa Miguel Bataglia, alfaiate e principal financiador do sonho de nove operários reunidos numa esquina do bairro do Bom Retiro.
Assim, resolvi trazer de volta um texto que postei há 3 anos. Naquele, eu acrescentava sugestões de leituras, como do escritor uruguaio Eduardo Galeano ou do historiador medievalista Hilário Franco Júnior. Mas hoje é o centenário do Corinthians e nesta postagem só se fala do Corinthians. Na próxima postagem, talvez, volte a sugerir livros da literatura esportiva. Mas acrescentarei novos links de vídeos que trazem imagens que falam por si.)





Era uma noite de lua nova na provinciana São Paulo do começo do século 20. Mais precisamente em 1° de setembro de 1910 por volta das 20h30. Sob à luz de um lampião à gás na esquina da Rua dos Italianos com a Rua dos Imigrantes (atual José Paulino), no bairro do Bom Retiro, um grupo de cansados trabalhadores esperavam o bonde. Joaquim Ambrósio, Antonio Pereira e César Nunes, eram pintores de parede. Rafael Perrone, diziam, era um sapateiro dos bons. Anselmo Correia exercia um profissão um tanto exótica: era motorista. Alexandre Magnani ganhava a vida como fundidor. Salvador Lopomo entendia mesmo era de macarrão. Para o João da Silva não tinha tempo ruim. Aceitava qualquer tipo de trabalho braçal. Antonio Nunes era um popular alfaiate.
Eles não eram lá muito letrados. Nenhum deles sabia da existência de um tal Lima Barreto que, mulato e escritor, havia lutado contra a escravidão e anos mais tarde, além de escrever o “Triste fim de Policarpo Quaresma”, fundaria uma Liga contra o Futebol lá no distante Rio de Janeiro por ser este, um esporte da cultura racista da elite branca. Tão pouco vieram a conhecer um outro tal, de nome Graciliano Ramos, que profetizava que esse negócio de futebol não iria pegar. Mas, sobretudo, o que eles não sabiam, pra valer, é que eles estavam ali - cansados, em uma noite de lua nova -, fundando o primeiro time de futebol que seria a representação de tanta gente, porque estava nascendo ali o time do povo.
O futebol começava, naquele Brasil pré-industrial, a sair da esfera aristocrata-cafeeira e ganhar as ruas dos meninos de pés no chão. E o Corinthians, fundado por trabalhadores, sob à luz de um lampião, incorporaria esses meninos, inicialmente nos campos das várzeas paulistanas e depois, além delas, nas arquibancadas, palcos que os transformariam em agentes de uma nova identidade assimiladas pelos seus filhos, netos, bisnetos... Estava nascendo não um time, mas uma torcida. Uma torcida que tinha (e tem) um time de futebol.

Sugestão de vídeos:

maracanã corinthiano por osmar santos
http://www.youtube.com/watch?v=Jm7b6P1f6ck&feature=related

maracanã corinthiano pelo canal 100
http://www.youtube.com/watch?v=FqfcNqa-TGc&feature=related

redenção, de novo, por osmar santos
http://www.youtube.com/watch?v=WDk7GNcGP_g&feature=related

aos devotos de são jorge
http://www.youtube.com/watch?v=aJmc-LxAa4w&feature=related

você sabe?
http://www.youtube.com/watch?v=8P0SUlZ2q8I&feature=related

tabu? que tabu?
http://www.youtube.com/watch?v=5ST6CGHcNzg

2 comentários:

Gisela disse...

Aiaiai vi os vídeos e tô chorando... E agora?

Gê Cesar de Paula disse...

Chora Gica..faz parte do "ser corinthiano"..