sexta-feira, 18 de março de 2011

o belas artes fecha as portas







Ontem à noite fui ao Belas Artes, não para assistir algum filme mas apenas para me despedir. Pena não ter levado minha câmera. A cena lembrava a de um velório, em que pessoas formam pequenos grupos, murmuram coisas, se recostam em cantos, se apoiam em paredes. De repente alguém se exalta, dizendo da importância cultural do espaço, como aqueles que, em velórios, exaltam as qualidades morais do defunto.
Por aquelas salas escuras, visitei a Veneza de Visconti, a Berlim de Fassbinder, a Roma de Fellini e também de Rosselinni, a Estocolmo de Bergman, a Tókio de Kurosawa, a Paris de Truffaut, o espaço sideral de Tarkovsky e também de Kubrick, o imaginário psicológico de Antonioni...
Não sei, é bem verdade, se todas estas visitas e sensações se deram no Belas Artes, ou em outro cinema enterrado de São Paulo: a memória nos prega peças por vezes. Mas fica a memória afetiva, do mesmo jeito que falou o Ugo Giorgetti, em coluna recente na Folha. Giorgetti disse outra coisa ainda, que se assemelha ao que sinto: “Agora, acompanhando o mundo a que pertenceu, o Belas Artes se vai para sempre. Não vou sentir saudades dele. O que sinto, no fundo, é saudades de mim, nele”.
PS: um link:
http://letrasdespidas.wordpress.com/2011/01/09/o-fim-do-cinema-belas-artes/



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