domingo, 1 de setembro de 2013

mais dignidade, mais respeito, mais médicos


Este Empório não pretendia colocar nas suas prateleiras a questão do Programa Mais Médicos por entender que seria discorrer sobre o óbvio e que, manifestações como a que vimos há algum tempo na Av. Paulista seriam esquecidas e os seus participantes se recolheriam, envergonhados, às suas bem equipadas casernas. Mas parece que o ar está mesmo carregado de uma onda reacionária que, envolvida e misturada com as frentes frias e quentes do nosso aquecimento global, nos trazem vírus que são muito resistentes.
A obviedade a que nos referimos, é evidente, é que um programa que busca cobrir as lacunas de uma desatenção a uma parcela mais necessitada da população não deveria ter oposição tão explicitamente desavergonhada.
Assim como o medo que tem a sua utilidade de nos prevenir de um perigo, por frear algumas das nossas impetuosidades, a vergonha, muita vezes, nos impede de cometermos atos que nos coloque em situações vexatórias, algumas delas que, mais do que ultrapassar alguma linha moral – sempre discutível – ultrapassa a linha ética, essa, que uma certa classe médica brasileira está, sem nenhuma vergonha, ultrapassando.
Os episódios ocorridos no Ceará, de médicos desavergonhados - que quando se formaram fizeram um juramento de respeito pela vida humana-, agrediram todas as vidas ali envolvidas: as dos médicos cubanos; as dos pacientes necessitados que serão atendidos pelos médicos cubanos - que eles se recusam a atender - e, evidentemente, às suas próprias vidas, estas que eles não conseguem sequer perceber esta autoagressão.
Mas ao episódio se somam ainda a de jornalistas, que não tendo a compreensão mínima das diferenças filosóficas entre humanismo e mercantilismo, confundem escravagismo com livre dedicação, ou ainda os que acham que médicos têm que ter “aparência”, de médico, seja lá o que isso queira dizer, mas, por convicção,  que não podem ter a aparência de “empregados domésticos”, como quis nos ensinar uma jornalista de Natal que nem mesmo para ser criticada alcança a condição de ser citada.
O cerne da questão é apenas um. Esta certa classe médica não quer atender a população situada nas periferias do país, o que é um direito que lhes cabe. Mas a questão não se encerra aqui. Eles pretendem, além disso, que ninguém as atenda. Não nos confundamos. Aqui não há meio termo. Essa classe médica, a despeito da atribuição que, por princípio ético, deveria os ligar à vida, a qualquer vida, estabelece um corte em que, para eles, algumas vidas valem mais que outras.  

( clicando em "mais informações", indicamos alguns links)

Análise de Luís Nassif:


Por que os médicos cubanos assustam:
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/por-que-os-medicos-cubanos-assustam


O espírito de medicina cubana:
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-espirito-da-medicina-cubana/


Médicos dos EUA elogiam a medicina cubana:
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/sistema-de-saude-cubano-e-elogiado-por-medicos-dos-eua

Estudantes suíços em Cuba:
http://www.swissinfo.ch/por/sociedade/Falta_tudo_mas_sobra_atencao.html?cid=33235040

Na Globo, por Jorge Pontual:
http://globotv.globo.com/globo-news/globonews-em-pauta/t/todos-os-videos/v/programa-de-medicina-de-cuba-e-considerado-modelo-pela-organizacao-mundial-da-saude/2790412/

Como a Globo já tirou do site G1 a matéria acima e recuou, se tirar de novo, assista por aqui:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Sigtj8LaLV0

Médico Cubano conta sua experiência em Conceição do Araguaia:
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/medico-cubano-conta-sua-experiencia-em-conceicao-do-araguaia




4 comentários:

Unknown disse...

Mais um belo post do Empório do César!! Concordo com 100% do que escreveu. Não podemos nos calar, somos a resistência! Abraços.

Marilza disse...

Sou médica pediatra e não só concordo com você como me emocionei ao lê-lo. Obrigado!

Gê Cesar de Paula disse...

Obrigado Fernando! Grande abraço.

Gê Cesar de Paula disse...

Obrigado Marilza! A questão é, de fato, tão absurda, que é incrível imaginar que haja quem seja contra e, mais do que isso, que se exponham de uma maneira tão desavergonhada.