sábado, 24 de outubro de 2015

pitacos da mostra 2015

Como já fizemos em duas Mostras ( ver links na postagem anterior) faremos comentários rápidos dos filmes assistidos.

Meu amigo hindu, de Hector Babenco (Brasil) – autobiográfico egocêntrico falado em inglês, ainda que rodado em São Paulo. Babenco já esteve melhor.
Vovó esta dançando na mesa, de Hanna Sköld (Suécia) – O nome sugere um filme leve, talvez até humorístico. Que nada! Denso e incômodo em bons roteiro e direção.
Sob nuvens elétricas, de Alexei German (Rússia) – Tradição do cinema russo. Dividido em capítulos o filme carrega o peso de um mundo sem cor e sem futuro. Em mais de 2 horas, o filme desafia o espectador.
Príncipe, de Sam de Jong (Holanda) – Em toda Mostra há equívocos, não tem jeito! Este filme é um dos maiores.
Chronic, de Michel Franco, roteiro e direção (México/França) – Vencedor de melhor roteiro em Cannes. Um enfermeiro estabelece uma relação grandiosamente humana com seus pacientes terminais. Um atropelamento!
Dheepan, o Refúgio, de Jacques Audiard (França) – Vencedor da Palma de Ouro em Cannes. Talvez um exagero. Dheepan um ex soldado em Sri Lanka tenta largar a guerra mas a guerra não larga Dheepan.
Olmo e a Gaivota, de Petra Costa e Lea Glob ( Brasil, Dinamarca, Portugal, França, mas é universal) – A diretora queria contar a história de um dia na vida de uma mulher, mas ao descobrir a gravidez da atriz, contou a história da gravidez, envolta por todas as circunstâncias psicológicas. Um pequeno grande filme. Imperdível!
Eva & Leon, de Emile Cherpitel (França) – Água com açúcar. Muita açúcar.
Barash, de Michal Vinik ( Israel) - Conflito árabe-israelense apenas como pano de fundo  para um outro conflito: a questão universal contemporânea da condição urbana que marca  a vida na adolescência. Bom filme com cenas ousadas.
Eisenstein in Guanajuato (ou Que viva México! 10 Dias que Abalaram o México), de Peter Greenaway - Não sei o que deu em Greenaway. Parece que quis ser polêmico. Foi apenas ridículo. Um desrespeito ao cinema.
Imortal, de Hadi Mohaghegh (Irã) - Mohagheh segue a tradição do cinema iraniano, de Kiarostami, Makhmalbaf, Panahi entre outros, em uma história densa entre um avô que busca a morte e o seu neto que tenta evitá-la. Mas é necessário citar Rouzbeh Raiga, o fotógrafo, que faz do filme uma obra-prima da fotografia cinematográfica. Filme para ser publicado em livro.
O Esgrimista, de Klaus Härö ( Estônia, Finlândia, Alemanha) - História real do mestre de esgrima estônio Endel Nelis envolto com as questões do pós guerra. Bom filme mas com história contada de forma enquadrada pela emoção mais fácil.
Desde Allá, de Lorenzo Vigas (Venezuela, México) - A relação homoafetiva do filme não é a questão central, mas, talvez, a relação de poder e o egoísmo. O roteiro escorrega e muito até por se pretender abarcar mais do que o tema pede, gerando  poucas verossimilhanças. Vencedor do Leão de Ouro de Veneza, o filme foi vaiado no festival. Nesse caso, não dá para vaiar a vaia.
Chico - Artista brasileiro, de Miguel Faria Júnior (Brasil) - Bom, o filme é sobre o Chico, então..., bom..., não dá pra perder!
Longo Caminho Rumo ao Norte, de Rémi Chayé (França) - Animação francesa sobre a menina Sasha que segue a trajetória do avô rumo ao Polo Norte. Boa diversão.
Catedrais da Cultura, de seis diretores: Kairim Aïnouz, Michael Glawogger, Wim Wenders, Michael  Madsen, Robert Redford e Margreth Olin (Alemanha, Dinamarca, Áustria, Noruega). Projeto grandioso e inusitado, como as obras arquitetônicas que protagonizam o filme. São as "catedrais da cultura", que, no filme, literalmente falam. Estão representadas pela Filarmônica de Berlim, "um ícone da modernidade"; a Biblioteca Nacional da Rússia, "um reino dos pensamentos"; a Prisão de Halden, "a mais humana do mundo"; o Salk Institute,"o instituto da inovação científica"; a Oslo Opera House, "uma simbiose futurista de arte e vida" e o Centro Pompidou, "uma máquina da cultura moderna". Tudo isso em 3D. Grande obra!
O Culpado, de Gerd Schneider (Alemanha) - Igreja e pedofilia. Temas polêmicos são sempre muito difíceis de serem tratados. Schneider, que quase foi padre antes de virar cineasta, abordou a questão no caráter psicológico e no caráter político e realizou um grande filme. É preciso vê-lo.
A Estreita Faixa Amarela (La Delgada Linea Amarilla), de Celso Garcia (México) - Entre a linha física e a abstrata, aquela que nos separa e nos guia. De um tema aparentemente simples o diretor fez um bom filme mas que quase derrapa no sentimentalismo.
Guerra, de Tobias Lindholm (Dinamarca) - Exércitos são uma das provas que a curta experiência humana não deu certo. Lindholm monta o seu exército no Afeganistão, supostamente para salvar a população civil das mãos do Talebã e humaniza seus soldados. "Há algo de podre no reino da Dinamarca".
Pardais, de Rúnar Rúnarsson, (Islândia, Dinamarca, Croácia) - A vida na adolescência ( e além dela) carrega seus traumas, mesmo na Islândia. O filme violenta a inocência e densifica a sensibilidade. Foi o vencedor da Mostra.
Carta Branca, de Jaceck Lusinski (Polônia) - Filme enxuto, que conta a história real de um carismático professor vivendo o drama da perda da visão. Roteiro bem cuidado e algumas boas sacadas imagéticas, como filmar os cabos de conexão de troleibus elétricos na luz noturna e na luz diurna.
Kaminsk e eu, de Wolfgang Becker (Bélgica, Alemanha) - Becker não dirigia um filme desde 2003 com o aclamado Adeus Lenin. Tanto tempo não enferrujou o diretor alemão. "Kaminsk e eu" tem um ritmo e um vigor que não deixa a trama, quase surreal, se perder. Tomara que o próximo filme não demore tanto.

Pardais, de R

Um comentário:

Ângelo disse...

Gostei dos mini comentários. Tive a mesma sensação em relação ao desrespeitoso filme sobre o Eisentein.