sábado, 6 de janeiro de 2018

o tempo, que não é de drummond, e a legião de imbecis

Há mais de dez anos publicamos neste empório uma sequência daquilo que chamamos de equívocos literários: textos falsamente atribuídos a grandes figuras da literatura.
Nesta passagem de ano, um poema circulou por todos os lados e foi parar até no elevador do meu condomínio, que é administrado pela tal da Lello. Trata-se do poema intitulado "O Tempo". Acho que muita gente deve tê-lo recebido na sua caixa postal. É aquele que começa assim: "Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, / a que se deu o nome de ano, / foi um indivíduo genial..." e blá, blá, blá.  Atribuíram-no ao coitado do Carlos Drummond de Andrade. A bem da verdade, o poema era até pouco tempo de autor desconhecido mas parece ter um autor já identificado, mas como não tenho certeza, não mencionarei o nome.
Atribuir falsas autorias parece que foi um dos primeiros vícios que a rede estimulou. Em momentos em que o fascismo saiu dos boeiros, como este em que vivemos, essas práticas podem parecer café pequeno, e de fato são: uma pequena imbecilidade diante das imbecilidades perigosas. Mas não há como não lembrar de Umberto Eco que disse, pouco antes de morrer, que "as redes sociais deram voz a uma legião de imbecis".

Um comentário:

Lengo D'Noronha disse...

uma legiao cada vez maior.e