domingo, 25 de novembro de 2007

Jogo de Cena


Acabei de assistir “Jogo de Cena” do documentarista Eduardo Coutinho. Ainda estou processando tudo que vi e ouvi: pensando o que é real e o que é criação. Parece que Coutinho está em um processo de desmistificação do real, e nos mostra, através da sua lente de documentarista, que o real pode ser manipulado. É quase como se nos dissesse que montamos a nossa interpretação cotidiana em função do olhar do outro, esse olhar que se coloca como uma câmera oculta. Esse caminho, Coutinho já vem traçando, de uma certa forma, desde Santo Forte e Edifício Máster, e também Babilônia 2000, e O Fim e o Princípio. No filme, não sabemos nunca o que é verdade ou mentira e, ainda assim, nos sentimos (me senti, pelo menos) numa sessão de terapia. Não sei se isso é sintomático.

De qualquer forma, quando subiram os créditos, senti vontade de aplaudir e o fiz, internamente e sem alaridos.

Provavelmente amanhã eu teria outras palavras para definir o filme, o que não mudaria a certeza, para mim, de que Eduardo Coutinho, reeducando o olhar, é a luz do cinema nacional.