foto de Paula Cinquetti |
Eu comecei
escrever este texto várias vezes, e o faço agora além das 23 horas, quando as
manifestações se concentram ainda em frente ao Palácio dos Bandeirantes em São
Paulo; em frente da Assembleia Legislativa do Rio; na Praça Sete em Belo Horizonte
e em outras tantas cidades do Brasil. Este é sem dúvida, um dia que será objeto
das aulas de história no futuro. Até lá, tentaremos entender o que foi isto, e tentar
imaginar quais os seus desdobramentos.
Mas me
fixo nas imagens, inicialmente, de figuras como o Arnaldo Jabor e o Marco
Antonio Villa, que antes da manifestação do dia 13 em São Paulo, já taxavam as
manifestações como fascistas. E é importante que o tenham dito, porque foi ali
que começamos a entender aquilo que elas realmente não são. E esse é o ponto de
partida: precisamos entender esse novo momento.
A chamada militância digital se usufrui de ferramentas poderosas que lhe permitem propagar, seja lá o que for: uma tendência, espontânea ou não, que pode ser bem ou mal articulada, e com lideranças mais ou menos identificadas.
A chamada militância digital se usufrui de ferramentas poderosas que lhe permitem propagar, seja lá o que for: uma tendência, espontânea ou não, que pode ser bem ou mal articulada, e com lideranças mais ou menos identificadas.
O
Movimento pelo Passe Livre (MPL) parte da questão do transporte, ou menos ainda:
foca no aumento da tarifa, que compõe apenas um dos elementos de uma
política de transportes. Mas parece claro que esse é apenas a luz de vela de
outras luzes que, ainda difusas, mostram outras insatisfações acumuladas, reais
ou imaginárias. É preciso entender o que está acontecendo. E o que está
acontecendo vai além das reinvindicações pontuais que mudarão conforme as
expectativas, expectativas que também mudam com a velocidade do tempo inerente
às redes de internet.
Há assim,
me parece, pelo menos dois movimentos a serem analisados. O primeiro é a soma
das insatisfações representadas nas manifestações, essas que são objetos de
políticas públicas. O enfoque ora apresentado é o transporte. E este, num
governo de tradição popular como o PT, tem que ser discutido amplamente, alargando
os canais, ampliando o debate e trazendo para esta realidade, não a forma – que
talvez não caiba mais -, mas o conceito do que foi há vinte anos, o orçamento
participativo. Isso significa, identificar prioridades numa perspectiva de ação
democrática, mas inserido neste desafio dos movimentos sociais conectados à
rede.
O segundo movimento é a busca de um entendimento mais amplo e ainda nebuloso que está além das ações efetivas de políticas públicas, que é a mudança muito rápida do avanço das tecnologias digitais que tendem a dissipar, ou colocar em outro plano, o monopólio da imagem e da comunicação. Em que medida e como isso mudará as interlocuções e em que campo caberá o debate (virtual?) com uma juventude, ainda que participativa, desideologizada ?
O segundo movimento é a busca de um entendimento mais amplo e ainda nebuloso que está além das ações efetivas de políticas públicas, que é a mudança muito rápida do avanço das tecnologias digitais que tendem a dissipar, ou colocar em outro plano, o monopólio da imagem e da comunicação. Em que medida e como isso mudará as interlocuções e em que campo caberá o debate (virtual?) com uma juventude, ainda que participativa, desideologizada ?
(Bom, agora
é 01h:08 e talvez com o amanhecer este artigo em construção tenha envelhecido)
Nenhum comentário:
Postar um comentário