quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

ida

A Polônia dos anos 60 ainda não havia curado as suas cicatrizes da guerra. É o que nos lembra Pawel Pawlikowski, no seu filme Ida.

Quando o filme se inicia, nos deparamos com uma tela em formato 1:37, quadrada, o que já nos coloca em um cenário diferente do que nos acostumamos com o formato widescreen que hoje, saiu do cinema para invadir as nossas televisões. O filme é, ainda, em preto e branco, naquilo que se revelará uma belíssima e adequada fotografia.

Anna é uma jovem noviça que desconhece o seu passado e que esta prestes a fazer os votos definitivos para se tornar uma freira e viver eternamente no convento em que está desde que ficou órfã. O ato é interrompido pela madre superior que a obriga a conhecer o único membro da sua família que restou: a sua tia Wanda, " a vermelha", uma juíza amargurada que carrega com dignidade a história de uma Polônia em dívida com o seu passado e que vê na bebida, no cigarro e nos encontros sexuais furtivos a razão paralela de uma vida que perdeu o sentido.

O encontro das duas escancara um choque de realidade. Para Anna, tão logo se conhecem, sem subterfúgios, a tia lhe revela que seu nome é Ida, e que ela é filha de judeus que foram mortos durante a Segunda Guerra. Para Wanda, a sobrinha é a personificação da irmã assassinada.

A busca dos corpos enterrados, será uma jornada sensível e densamente humana e se transformará no encontro e no desamparo que selará a história das duas personagens.

Um filme para sentir.


Ida, de Pawel Pawilikowski, com as ótimas Agata Trzebuchowska (Anna/Ida) e Agata Kulessza ( Wanda), em São Paulo no Cine Livraria Cultura.

O trailer aqui

2 comentários:

Fernando Reis disse...

Interessantíssimo! Quero assistir!

Gê Cesar de Paula disse...

Vale à pena Fernando!
Abç.